Certificação tem valor internacional; produtores comemoramCertificação tem valor internacional; produtores comemoram
Num processo que levou quase cinco anos, os produtores ligados à Associação dos Artesãos de Peças em Estanho de São João del-Rei (AAPE) passam, agora, a contar com o selo de Indicação de Procedência da cidade em suas peças.
De acordo com o técnico-administrativo da UFSJ, Antonio Henrique Polastri Rodrigues, membro da Comissão de Propriedade Intelectual e responsável pelo projeto de extensão que resultou na aprovação do pedido junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a Indicação é um passo muito importante para os produtores locais. “Esta é dada a uma determinada região ou município e reconhecida pelos consumidores pela qualidade de determinado produto regional. Funciona como proteção da origem do produto”, explica. Polastri acrescenta que a Indicação tem reconhecimento mundial. “ Depois de tal registro, as peças são-joanenses em estanho terão a mesma proteção jurídica que um vinho do Porto ou um champagne da França”, complementa.
Processo
Todo processo teve início em 2006, como resultado de um trabalho de pesquisadores ligados ao Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial da UFSJ sobre a produção artesanal mineira, com enfoque na fabricação local em estanho. A partir dos resultados obtidos, foi sugerido pela Comissão de Propriedade Intelectual da UFSJ o desenvolvimento de um projeto de extensão, coordenado por Polastri, com objetivo de conseguir o reconhecimento da cidade como Indicação de Procedência. Em setembro de 2010, foi depositado o pedido de registro no INPI, o qual recebeu aprovação no último dia 16.
Os associados da AAPE criaram uma regulamentação onde estão elencadas todas as características que o processo de produção das peças deve ter para receber o selo de Indicação de Procedência “São João del-Rei”. O controle de qualidade será feito pelos associados e representantes de entidades são-joanenses que apoiam a produção artesanal na cidade.
A logomarca para identificação foi elaborada pelo técnico do Núcleo de Tecnologia de Informação da UFSJ, Márcio Lombardi, que se inspirou no sino, o símbolo tradicional de São João del-Rei, e na taça, peça significativa do artesanato em estanho.
“Uma benção”
São João del-Rei é o principal município produtor de peças artesanais em estanho no país. A produção começou nos anos 60, quando mudou-se para a cidade o antiquário inglês Jonh Sommers. Observando os altares das igrejas barrocas e a mão de obra local, Sommers percebeu que era possível se produzir estanho de qualidade, nos moldes do século dezoito, porém com a tecnologia moderna. O sucesso foi imediato e a idéia de Jonh Sommers encontrou seguidores na cidade. “Muitos dos ex-funcionários da empresa saíram de seus postos de trabalho e abriram suas próprias oficinas”, esclarece Antônio Henrique.
Um dos membros mais ativos da AAPE, Antônio Batista da Silva, trabalha com a fabricação de peças artesanais há mais de 20 anos. Segundo ele, a vinda de John Sommers para São João del-Rei foi “um marco, uma benção” e a obtenção da Indicação de Procedência mais ainda. “Agora, temos garantia total da qualidade da peça produzida”, anima-se.
O analista de produção Luiz Cláudio Gomes, que trabalha numa empresa são-joanense, calcula como média mensal entre todas as fábricas da cidade, a produção de 1200 peças. Entretanto, Luiz Cláudio explica que nem todas são comercializadas no mês de produção: “A venda das peças em estanho é muito sazonal: num mês vende-se muito, em outro, menos. Por isso, criamos o hábito de termos sempre uma margem de estoque”, conclui.
Fonte: São João Transparente